Utilizar o conhecimento obtido através de pesquisas cientificas é uma prática comum a diversas áreas, a busca por práticas baseadas em evidências foi originada nos anos 1980, com a pesquisa em Medicina, e logo se espalhou para campos da Psicologia, Agricultura, Enfermagem e também Educação (Cook e Cook,2011).
A prática pedagógica apresenta uma diversidade de opiniões que refletem diretamente na atuação dos gestores escolares e dos professores. As opiniões se apoiam em intuição ou em observações que não foram realizadas de forma sistemática (Simon,1999). Algumas delas tem certo valor, e podem até ajudar na aprendizagem, mas existem aquelas que não interferem em nada, ou seja, não mudam o contexto. O que atualmente tem causado inquietação são as opiniões que prejudicam, que não respeitam o desenvolvimento humano, seja físico, psicossocial e cognitivo.
Por entender que algumas práticas são deletérias ou simplesmente perda de oportunidades na vida dos alunos, é de suma importância que seja revista a proposta pedagógica das instituições de ensino brasileiras. Podemos dizer que, de modo geral, a implementação de práticas baseadas em evidências é reflexo da necessidade de aumentar a eficiência e melhorar a qualidades dos serviços (Gerrish e Clayton, 1998) de Saúde e Educação.
Para alcançarmos níveis mais elevados da utilização de evidências nas escolas, é necessário informar aos professores sobre esse movimento (EBE), sobre o que é evidência na área da Educação e conscientizá-los da relevância de utilizar informações que constituem como evidência. Para que um fato seja considerado evidência, três critérios são fundamentais (Thomas e Pring, 2004) relevância, suficiência e veracidade.
Relevante é uma informação que permite que o conhecimento seja modificado. Suficiente é a hipótese que se sustenta em mais de um contexto, a ponto de demonstrar seus resultados em ocasiões distintas, já a veracidade refere-se a garantia de que a coleta das informações não sofreu nenhuma interferência por parte dos envolvidos na pesquisa. Respeitando esses critérios em uma pesquisa científica obtemos evidências.
As evidências em educação são divididas em dois grandes grupos: conhecimento profissional, combinação de testemunhos de especialistas (consenso),experiências pessoais e observações (Thomas e pring,204) e evidência empírica que são as que se baseiam em pesquisas que obedecem a rigorosos critérios metodológicos, onde as informações são obtidas de maneira sistematizada.
A Ciência e a Educação precisam ampliar seu diálogo afim de promover a utilização do conhecimento científico para fundamentar as práticas educacionais. Desta maneira, políticas públicas e práticas profissionais serão mais eficazes e alcançarão um número maior da população. Esse direcionamento também objetiva maximizar a transparência nas escolhas de práticas , oferecer apoio financeiro a gestores para o desenvolvimento de pesquisa e dar suporte na implementação (Sebba, 2004).
O alinhamento entre ciência e educação, não serve só para que a prática em sala de aula seja eficaz, mas também para a produção de evidências. O professor deve atuar efetivamente nas pesquisas e utilizá-las , pois a literatura cientifica aponta que algumas práticas são completamente eficazes e outras completamente ineficazes (Cook,Tankersley & Landrum, 2009), o que tem trazido um grande prejuízo aos alunos de forma geral.
Por Juliana Júdice.
Projeto idealizado por Juliana Mendes através do livro Práticas para a sala de aula baseada em evidências.
Referências
Campos, M. M. (2009). Para que serve a pesquisa em educação. Cadernos de pesquisa, 39(136), 269-283
Cook, B. G. & Cook, S. C. (2011). Unraveling evidence-based practices in Special Educationa. Journal of Special Education, 47(2), 71-82
Cook, B., Tankersley, M. & Landrum, T. (2009). Determining evidence-based Practices in special education. Exceptional Children, 75(3), 65-383
Gerrish, K. & Clayton, J. (1998) Improving clinical effectiveness through and evidence-based approach: meeting the challenge for nursing in the United kingdon. Nursing Administration Quarterly, 22(4), 55-65
Sebba. J. (2004). Developing evidence-informed policy and practice in educaction. In G. Thomas & R. Pring (Orgs.). Evidence Based Practice in Education. Maindenhead: OUP/McGRAW-Hill
Thomas, G. & Pring, R. (2004). Evidence-based practice in education. New York: McGraw-Hill Education
Práticas para a sala de aula baseadas em evidências/Fernanda T Orsati, Tatiana P Mecca, Natália M Dias, Roselaine P Almeida, Elizeu C Macedo SP: Memnon, 2015